terça-feira, 12 de junho de 2012

FELIZ DIA DOS NAMORADOS (2012)

Feliz Dia dos Namorados.
 O saudoso Chico Anísio em um dos seus anedóticos discursos corrigiu dizendo que o nome certo deveria ser AMORADOS, consoante um lampejo de sabedoria infantil registrado por si.
 O Cancioneiro Popular está pleno do material inesgotável chamado amor. Milto Nascimento nos diz que o amor abrange os dois lados da mesma estação: a alegria da chegada e a tristeza da despedida.
Martinho nos lembra que “um grande amor tem de tudo um bocadinho, tem queixume, tem carinho, tem castigo e tem perdão.”
Florbela vivendo o seu amor avassalador desabafou: “Pode voar mundos, morrer astros que tu és como um deus, princípio e fim.” Quantos hipérboles não há no verbo amar?
Há sempre tentativas da Ciência em reduzir o amor entre duas pessoas à valências químicas. Pode ser. Deixemos essa discussão para os Acadêmicos. Se eles depois de projetarem a cadeia químico-orgânica do amor se tornarem mais felizes... Aplausos! Mas será que explicarão o próprio amor em si?
Da minha parte dedico a minha atenção a esse amor caminho, sem percurso ou plano de vôo definidos, experimental, sem código de barras ou certificado de garantia. Que é capaz de colar os caquinhos e nem parecer que um dia se quebrou, como diz Ivã.
 Tudo se aproveita no amor. Os estudiosos dizem que afirmação de tal monta só a merece o boi e a carnaúba. Coitados! Na Natureza alguma coisa se perde?
Sendo o amor uma vibração, quando se transmuta não deixa resíduos. Se queixumes e saudade sobrevivem ao seu fim é porque não findou. Quem pensa e sonha com um amor plano, certinho igual aos embrulhos de presentes, talvez tenha que aguardar mais um pouco até que as vitrines das lojas possam oferecer robot e andróginos.
Há os que não se entregam ao amor porque têm medo de no futuro perdê-lo. A Medicina Oriental nos afirma que na plenitude do In surge o Yang e na plenitude do Yang  aparece o In.
O amor traz sempre um novo amanhecer.
Luiz Bonfá nos conta assim: “Manhã tão bonita manhã. Na vida uma nova canção. Cantando só teus olhos, teu riso tuas mãos. Pois há de haver um dia em que virás...”
Para todos os meus amores, dedico esta singela poesia.
Feliz dia dos amorados!!!

As Nuvens

Nuvens no céu passeiam calmamente
Em comboios lerdos, peregrinas, retirantes.
Levam ternuras de amores eqüidistantes
Que foram apaixonados quanto ausentes.

Quantas cavidades há num coração carente,
Pelos abismos da solidão angustiante?
De quanta dor padece uma ternura errante
Que desata em suspiros comoventes?

E por não seres dona do futuro,
Como por certo é do Verão a tempestade.
Por teres gasto sem investir a mocidade
E entre o sal e o doce preferistes o escuro.

Por ter te amado tanto, “tamanhamente”,
No medo e na incerteza de seguir em frente.
Por ter querido de ti um olhar mais quente...

Por ter sempre deixado mais pro fim,
Por dó e tristeza de mim,
Nuvens no céu passeiam calmamente..

2 comentários:

  1. Muito belo este poema professor mauro.Toda realidade.Um grande abraço do seu amigo e Aluno Ricardo Teixeira.

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    1. Olá, Ricardo! Obrigado pelo comentário e por expressar sua sensibilidade pela poesia. Alegra-me tê-lo como amigo e aluno.Mas queria demarcar os dois vocábulos. Alunos sempre seremos, nos conscientizemos ou não desse fato. Na verdade essa relação não é estática, ela é permutante e dinâmica por si mesma. Já a amizade é fruto da doação voluntária e consciente. Sua amizade me faz feliz! Fique com Deus!

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