Estou postando este texto dessa forma porque não achei por bem fragmentá-lo. As limitações do Blog não permitem a ultrapassagem de um determinado número de caracteres.Na realidade ele é um Comentário de Teresa ao texto "O Ser Policial".
Mauro,
Se você considera útil! Fico até surpresa pois sou leiga na área, embora, modestia a parte, sou boa observadora.
Pode postar.
um abraço
Teresa
Em 24/05/2011 20:29, Mauro Silva escreveu:
Olá, Teresa! Olhe, valeu a pena esperar. Você escreveu o comentário mais lógico, amplo e profundo que eu podia ansiar. É uma pena privar os demais freqüentadores do Blog de sua opinião. Peço sua permissão para postar a sua intervenção, encarecidamente. Por favor não me negue o pedido. Aguardo sua comunicação.
Um forte e carinhoso abraço. Muito obrigado.
Mauro
De: teresadl
Para: Mauro Silva
Enviadas: Segunda-feira, 23 de Maio de 2011 22:27:54
Assunto: Re: Res: novo e-mail
Olá Mauro.
Finalmente estou respondendo.
Li com interesse o texto postado por você, grande amigo e exemplar cidadão. Só porque foi postado por você. Confesso que o meio militar não me atrai.
Se bem que não tenha nenhum mérito em falar sobre o assunto, quanto mais diretamente no blog, nem talento para colocar em palavras o que “brotou” nos meus pensamentos - verdade seja dita - , tentarei algumas considerações sobre a questão, numa conversa de mim talvez para mim mesma.. .já que você tem toda a vivência da situação da Polícia e eu sou mera expectadora, certamente tendo pouco o que contribuir .
Não lhe darei o trabalho de responder pelo blog ao que considero comentários inconsistentes, diante do que andei lendo. Não tenho suficiente vivencia e informação sobre o meio e o assunto.
Minha experiência de vida e profissional, na área das ciências humanas foi pautada no contato direto com a população e deixei de me interessar em alçar vôos, em conquistar cargos, e acabar desistindo ou me “prostituindo” pelo poder como vi colegas fazendo.
Não só o policial, mas o professor, o motorista, o deputado, o servidor judiciário... todos serão mais bem formados quando a sociedade for melhor. Você disse isso. Não há meio de se querer que a formação do profissional supra por si só ou esteja “descontaminada” dos princípios morais e éticos do contexto em que se encontra.
Isso atinge desde o comandante geral até o pré-candidato a policial. Não adianta achar que as coisas podem mudar, se aqueles que receberam o poder, são reflexo daqueles que os colocaram lá.
Ao que me parece, bons profissionais, honestos e capazes, têm invariavelmente uma base de formação como pessoa, ou uma base sólida familiar, ética. Dificilmente, no entanto, conseguem chegar aos postos-chave...essa é a realidade. Quando chegam, ou não conseguem se impor...ou se contaminam...ou desistem!
Não estou certa que haja formas de tentar romper com essa dependência. Acho que a mudança profunda terá que vir bem lá do fundo. Aquele rompimento que já se desenhou lá em cima...
Bem, vejamos: no caso do policial, quando inicia sua formação, está saindo da adolescência e inicia a fase adulta. Considerando que ainda esteja amealhando experiências que resultarão na sedimentação de seu caráter, com um severo, continuo e responsável investimento na preparação do profissional, se for o caso evidentemente, acredito que tenha condições de “romper” com sua base de formação e tornar-se antes de tudo, cidadão melhor. Porem, lá na frente, se não for digno, torna a ser contaminado! Li algo no blog, que comumente se diz: esqueça a teoria...esqueça o bla-bla-bla... esqueça o que aprendeu. Isso é comum. Muitas vezes por uma questão de sobrevivência no grupo, o meio fraco (ou meio forte), cai!
Mas será que não há soluções? Existem grupos mesmo minoritários dentro da organização que são fundamentais e que podem conduzir boas estratégias, fazendo um trabalho “ de formiga”.
Acho que a área que lida com recursos humanos é uma delas. O problema é que ultimamente, terceirizam esses postos fundamentais ou não dão a devida importância a esse trabalho e a instituição acaba perdendo a identidade!
Isso é encomendado...por quem quer que as coisas fiquem do jeito que estão.
Na verdade não tenho idéia de como é isso na Polícia.
As coisas têm que acontecer de alguma forma, mesmo no contexto adverso..
Nesse caminho, seria importante a fase da seleção . A criteriosa seleção do perfil psicológico que se identifique com a função e também a existência de um mínimo de qualidades no que se refere às questões de cidadania e comportamento social: isso seria o mínimo para descartar os meio-fracos...não? Que seleção tem sido feita? Quem faz? Tem se dado a devida importância a essa fase? Será que há candidatos que atendam ao perfil do policial ideal??? Ao que parece, a propria instituição nao conhece o perfil que deseja... Com essa imagem da policia, talvez os bons candidatos não se apresentem...
Faço-me mais perguntas... Qual será a motivação real desses quase adolescentes que prestam concurso atualmente? Que imagem da Polícia esses candidatos têm? Será que existe algum estudo sobre isso?
Existe alguma estratégia de acompanhamento (de profissionais que não são os formadores) desses iniciantes?
Além da questão da seleção, da formação consistente, um sistema de compensação e ascensão, é fundamental, desde que realizados de forma efetiva, respeitando a responsabilidade e risco, decorrentes da função. Por outro lado, da mesma forma, sou favorável à punição exemplar dos casos reversos. Tem-se dúvidas de que isso é conduzido de forma severa, imparcial, impessoal...
Ocorre que o que se observa, daqui de fora, é uma imensa insatisfação dos integrantes...Vê-se uma montanha de justificativas pelos erros... Percebe-se que a auto-imagem também é muito ruim... e atitudes de corporativismo, e muito pouca valorização do bom policial, das “boas praticas”. A impressão que tenho é que interessa manter o policial mal selecionado, mal formado e mal remunerado, sei lá...o porquê disso???
Em resumo, penso que não sejam inócuas, todas as tentativas de aperfeiçoar o grupo profissional, mesmo nesse contexto. Porem, fundamental é investir na sedimentação de valores no âmbito da família e na educação básica, não só para ter bons policiais, claro. Seria tão bom que a “parte boa” da instituição Polícia pudesse colaborar mais efetivamente nesse ponto!
Torço para que os jovens ou melhor, as novas gerações, desejem uma grande mudança na situação do planeta como um todo e que não seja sequer necessário discutir esse assunto... Espero que quanto mais se avizinhe o caos, mais pessoas se conscientizem para a salvação.
Vai chegar a hora em que só haverá um caminho ou o nada.
Dou-lhe parabéns pela decisão (corajosa) de iniciar o blog. Espero sinceramente que possa provocar muitas reflexões e boas atitudes!
Seu tempo é precioso e já abusei.
Abraços
Teresa