O
concreto e o imaginado...
Nada contra qualquer
coisa, entendimento, escolha ou comportamento individual. Todos devemos ter
equilíbrio e liberdade de fazer opções, principalmente se neste processo de
execução não houver o uso e o envolvimento de outrem sem consulta prévia. A
voluntariedade é fundamental. A problemática se estabelece, cada vez mais,
porque o ser humano se tornou globalizado e como tal, mais dependente. A
sociedade de consumo que tem na Mídia o seu braço atuante, é onomatopaica. Há pouco
só se ouvia no rádio “pagodes”. Agora é a vez do “Funk” com suas letras sem
arte, seus cantores sem voz e suas obscenidades. O interessante, isto é, o
assustador é que determinadas denominações religiosas seguem o mesmo estilo, o
mesmo padrão mental e a má-educação.
Se fôssemos analisar pelo
Erotismo, poderíamos contemporizar apontando que a Literatura Universal tem seus
expoentes, poderíamos citar até alguns textos sagrados. No entanto, ao que
parece, nos dias atuais, as pessoas não acreditam na inteligência perceptiva do
outro. O sugerir parece não ser suficiente para gerar o “link” de complementação.
Se nas novelas televisivas, quando o Diretor quer uma cena íntima de um casal,
os artistas têm que tirar a roupa, irem para a cama e o masculino tem que
entrar com o quadril entre as pernas do feminino, em adução. Acredito que
julguem que não somos capazes de imaginar. Aí está a questão. Os nossos doutos
são aplaudidos exatamente por nos negar o pouco que a indústria televisa
poderia nos preservar, para não atrofiar de vez, a capacidade de imaginar.
Na realidade, na febre do “concreto” que o
mundo aderiu, o mais sutil foi perdendo espaço. No entanto, tudo que se
materializa, antes foi concebido imaterialmente. Principalmente nas relações
amorosas essa verdade se agiganta. A verdadeira entrega de amor é mental em sua
maior porção, embora os cinco sentidos sejam a ligação entre esses dois mundos,
o mental e o físico.
Como exemplificação do
conteúdo, publico a bela poesia de um clássico de nossa literatura que com
maestria soube contar a entrega total do amor em sua simplicidade.
Vai também como um
presente singelo para todos que ardentemente amam e fazem feliz a pessoa amada.
Delírio
(Olavo
Bilac)
Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
Mais abaixo, meu bem! ? num frenesi.
No seu ventre pousei a minha boca,
Mais abaixo, meu bem! ? disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci…