Para a nossa Reflexão
A Martha Medeiros já falou suficientemente quanto à autenticidade do texto abaixo que ela recebeu e reenviou. Certamente eu terei recebido o referido texto em terceiro ato. Mesmo que não fosse autêntico o seu conteúdo, ele estaria em perfeita harmonia com a nobreza de caráter daquele povo que tem dado lições ao mundo todo, de como enfrentar a adversidade. Posto o texto recebido, para a nossa reflexão.
Quando se pergunta porque e como um povo consegue se conduzir assim, diante de calamidade tão profunda quanto ampla, é comum ouvir-se a resposta “amarela” de sempre: “Mas eles têm uma Sociedade e Cultura milenares...”, geralmente tentando atenuar os defeitos e enganos de nossa Pedagogia, na formação da cidadania local.
Finalmente vamos ao texto:
Martha Medeiros - Espírito de coletividade
Recebi um texto sem autoria, e só tive como comprovar sua autenticidade através do google, que ora avaliza os fatos, ora nos faz de bobos. Mas, ao ler seu conteúdo, tive forte impressão de que é verdade.
O fato:
Um grupo de 200 aposentados japoneses, engenheiros em sua maioria, está se oferecendo para substituir trabalhadores mais jovens no perigoso trabalho de manutenção da usina nuclear de Fukushima, que foi seriamente afetada pelo terremoto de quatro meses atrás. Os reparos envolvem altos níveis de radioatividade cancerígena, como se sabe.
Em entrevista à BBC, o voluntário Yaseturu Yamada, de 72 anos, diz que tem procurado convencer o governo sobre as vantagens de se aceitar a mão de obra da terceira idade. Conclui ele: “Em média, devo viver mais uns 15 anos. Já um câncer vindo da radiação levaria de 20 a 30 anos para se manifestar. Logo, nós que somos mais velhos temos menos risco de desenvolver a doença.”
Ou seja: cidadãos que estão na faixa entre 60 e 70 anos, muitos deles inativos, querem dar sua última contribuição à sociedade e, ao mesmo tempo, liberar os jovens de um trabalho que lhes subtrairia muitos anos produtivos de vida, enquanto que, para homens de idade mais avançada, não haveria diferença significativa.
Essa é uma notícia que deve fazer refletir a todos nós. Não se trata apenas de generosidade, mas de consciência. Os idosos japoneses não estão sendo bonzinhos, e sim exercendo o sentido de responsabilidade, que a eles é muito comum. Estão pensando na sociedade como algo que só funciona em conjunto, e não individualmente.
Acredito que quando a gente faz o bem para si mesmo, com ética e respeito à lei, sem ônus para nossos pares, está fazendo também o bem para todos, mas não basta: é preciso ir além, desconectar-se das vantagens pessoais para pensar no futuro, no que temos para doar em benefício daqueles que têm mais a perder.
Um jovem de 18 anos pode contrair câncer aos 38 se trabalhar numa usina nucelar acidentada. A sociedade japonesa perde se abrir mão da força de trabalho de cidadãos de 38 anos. A família japonesa também. É essa visão macroscópica da funcionalidade que faz evoluir um país.
Dizem que a gente fica com o coração mole à medida que o tempo passa. Não é por causa de coração mole que esses aposentados japoneses estão se candidatando a um trabalho insalubre. É porque estão acostumados a transformar intempéries em oportunidades, tanto pessoais quanto coletivas, sem distinção. Coração mole tenho eu que me emociono ao ver como seria fácil ser grande, se tivéssemos a grandeza necessária.
Muitas vezes, tentamos explicar o inexplicável e vários historiadores oneram até os nossos descobridores portugueses, como a causa de nossa complicada existência no Brasil e precisamente no Rio de Janeiro. Já ouvi até a sandice legislativa de querer mudar a letra do Hino Nacional Brasileiro, como solução para a nossa Sociedade. Todos sabemos que para mudar uma Nação, vinte anos já apresentaria bons resultados. Mas por que será que esse fenômeno não se inicia e toma corpo?
Antes de tentar traçar algumas considerações e Você, Caro Seguidor, tecer os seus comentários, gostaria de recorrer a um texto lendário para sedimentar a nossa reflexão:
“Certo dia, um príncipe, com alguns nobres e servos, se deslocava, pela planície de seus domínios, rumo à caça em paragem distante. Era manhã escaldante embora houvesse o sol mal surgido. Divisou o príncipe, ao largo do caminho, em terreno meio pedregoso e suavemente elevado, a figura de um ancião, em passo ritmado e constante, plantando algo. O príncipe desviou-se de sua direção e aproximou-se do ancião que ao vê-lo executou profunda reverência. Um diálogo então se estabeleceu:
-Meu velho, o que estás plantando?
-Oliveiras, meu Príncipe.
-Não vês que estás em idade já avançada e, certamente, não colherás dessas oliveiras?
-Eu também colho de oliveiras que não plantei. Visto roupas que não produzi e herdei uma cultura de antepassados que nem sequer conheci. O mínimo que posso fazer é deixar alguma coisa boa para as gerações que virão depois de mim.
O Príncipe ficou entre maravilhado e contrafeito, ante aquela visão tão simplória e sábia de se relacionar com o mundo, daquele pobre velho que na sua solidão era tão rico e suficiente. Não sabia o príncipe se mandava castigar o velho com algumas chibatadas, se sentindo ofendido, ou se dava as costas e seguia o seu caminho, rumo ao seu objetivo que era caçar, aproveitando os anos livres de sua mocidade e a bajulação de seus acompanhantes. Decidiu-se pela última alternativa. Mas ainda ouviu a voz meio sumida do velho dizendo:
- Além do mais, meu Príncipe, o tempo é de Deus!
O dia fluiu, quase apagando a lembrança do velho. A caçada não foi das melhores, mas gerou algum entretenimento.
Antes do por do sol todo o grupo se pôs em regresso. Ao passar pelo mesmo sítio, lá estava o velho plantando oliveiras. O Príncipe parou e ficou olhando o movimento do ancião, em profundo cismar. Impedindo que o acompanhassem, tocou a sua montaria em direção ao velho que lhe pareceu mais velho. De imediato o ancião não lhe percebeu a presença. Quebrando o protocolo, o Príncipe perguntou:
-Então meu velho, ainda plantando oliveiras? Não vês que logo, logo cairá a noite e não vejo nas proximidades barraca que possa lhe acolher?
O velho levantou os olhos deixando transparente a sua profunda felicidade. Fez uma profunda reverência e respondeu:
-Sim, meu príncipe, Deus seja convosco! Como vês não sou mais nenhum moço. O tempo me foi concedido. Tenho que aproveitá-lo. O tempo é de Deus. Quanto ao mais, tudo tenho recebido da Natureza. Nesta região temos acolhedoras cavernas.
O Príncipe lembrou-se dos seus aposentos reais e imaginou, sem qualquer parâmetro, como seria passar uma noite em uma caverna. Um arrepio lhe percorreu o corpo.
O Príncipe pegou na bolsa de couro algumas moedas de ouro e jogou-as na direção do velho e gritou pega, tentando transparecer indiferença.
O velho obedeceu, enfiou a mão carcomida na terra e recuperou as moedas. Fez uma profunda reverência e com sorriso quase infantil falou:
-Meu Príncipe, minhas oliveiras frutificaram bem antes do tempo. O tempo é de Deus.
As duas histórias se harmonizam em conteúdo, pelo grau de doação individual e pela certeza da continuidade da vida. Nos tempos atuais o único culto visível é ao individualismo. O rompimento com as tradições, valores e crenças do passado é a moda. Todos querem ser de vanguarda, mesmo sem conhecimento de causa. As investidas contra a História também tem os seus protagonistas e apaniguados na Nossa Corporação. Crescem as investidas contra o Quartel General da PMERJ, o 13º BPM, o Aquartelamento do Regimento de Choque, o 23º BPM, o Colégio Militar e a ESPM. Adivinhem o que irá surgir no espaço nu, depois das implosões dos referidos! Ainda alguns dirão que a Polícia ganhará com tal evento. Que Polícia? Cada governador que imponha a sua loucura, sem nenhum obstáculo pelo caminho. Nesse estuário, se voltarmos no tempo, vamos nos lembrar o celerado Brizola que implodiu o Presídio da Ilha Grande que contava parte significativa da História do Brasil. Esse mesmo “cidadão” surrupiou todo o dinheiro da Caixa de Economia da Corporação, sob o olhar complacente de nossa elite.
Para estes que só olham a matéria e o bem pessoal próprio e que não conhecem os vocábulos entrega, auto-sacrifício, gratidão, reconhecimento e doação, essas duas histórias, com certeza, são lorotas para boi dormir. Eles vão morrer de rir. Com certeza, mais rir, do que morrer. Eles se julgam imortais e constituem sucessores. No entanto, o riso é sempre limitado, já a morte é certa. Tudo é passageiro!