domingo, 4 de setembro de 2011

PARA A NOSSA REFLEXÃO


Para a nossa Reflexão

A Martha Medeiros já falou suficientemente quanto à autenticidade do texto abaixo que ela recebeu e reenviou. Certamente eu terei recebido o referido texto em terceiro ato. Mesmo que não fosse autêntico o seu conteúdo, ele estaria em perfeita harmonia com a nobreza de caráter daquele povo que tem dado lições ao mundo todo, de como enfrentar a adversidade. Posto o texto recebido, para a nossa reflexão.

Quando se pergunta porque e como um povo consegue se conduzir assim, diante de calamidade tão profunda quanto ampla, é comum ouvir-se a resposta “amarela” de sempre: “Mas eles têm uma Sociedade e Cultura milenares...”, geralmente tentando atenuar os defeitos e enganos de nossa Pedagogia, na formação da cidadania local.

Finalmente vamos ao texto:

Martha Medeiros - Espírito de coletividade

Recebi um texto sem autoria, e só tive como comprovar sua autenticidade através do google, que ora avaliza os fatos, ora nos faz de bobos. Mas, ao ler seu conteúdo, tive forte impressão de que é verdade.

O fato:
Um grupo de 200 aposentados japoneses, engenheiros em sua maioria, está se oferecendo para substituir trabalhadores mais jovens no perigoso trabalho de manutenção da usina nuclear de Fukushima, que foi seriamente afetada pelo terremoto de quatro meses atrás. Os reparos envolvem altos níveis de radioatividade cancerígena, como se sabe.

Em entrevista à BBC, o voluntário Yaseturu Yamada, de 72 anos, diz que tem procurado convencer o governo sobre as vantagens de se aceitar a mão de obra da terceira idade. Conclui ele: “Em média, devo viver mais uns 15 anos. Já um câncer vindo da radiação levaria de 20 a 30 anos para se manifestar. Logo, nós que somos mais velhos temos menos risco de desenvolver a doença.”

Ou seja: cidadãos que estão na faixa entre 60 e 70 anos, muitos deles inativos, querem dar sua última contribuição à sociedade e, ao mesmo tempo, liberar os jovens de um trabalho que lhes subtrairia muitos anos produtivos de vida, enquanto que, para homens de idade mais avançada, não haveria diferença significativa.

Essa é uma notícia que deve fazer refletir a todos nós. Não se trata apenas de generosidade, mas de consciência. Os idosos japoneses não estão sendo bonzinhos, e sim exercendo o sentido de responsabilidade, que a eles é muito comum. Estão pensando na sociedade como algo que só funciona em conjunto, e não individualmente.

Acredito que quando a gente faz o bem para si mesmo, com ética e respeito à lei, sem ônus para nossos pares, está fazendo também o bem para todos, mas não basta: é preciso ir além, desconectar-se das vantagens pessoais para pensar no futuro, no que temos para doar em benefício daqueles que têm mais a perder.

Um jovem de 18 anos pode contrair câncer aos 38 se trabalhar numa usina nucelar acidentada. A sociedade japonesa perde se abrir mão da força de trabalho de cidadãos de 38 anos. A família japonesa também. É essa visão macroscópica da funcionalidade que faz evoluir um país.

Dizem que a gente fica com o coração mole à medida que o tempo passa. Não é por causa de coração mole que esses aposentados japoneses estão se candidatando a um trabalho insalubre. É porque estão acostumados a transformar intempéries em oportunidades, tanto pessoais quanto coletivas, sem distinção. Coração mole tenho eu que me emociono ao ver como seria fácil ser grande, se tivéssemos a grandeza necessária. 

Muitas vezes, tentamos explicar o inexplicável e vários historiadores oneram até os nossos descobridores portugueses, como a causa de nossa complicada existência no Brasil e precisamente no Rio de Janeiro. Já ouvi até a sandice legislativa de querer mudar a letra do Hino Nacional Brasileiro, como solução para a nossa Sociedade. Todos sabemos que para mudar uma Nação, vinte anos já apresentaria bons resultados. Mas por que será que esse fenômeno não se inicia e toma corpo?

Antes de tentar traçar algumas considerações e Você, Caro Seguidor, tecer os seus comentários, gostaria de recorrer a um texto lendário para sedimentar a nossa reflexão:

“Certo dia, um príncipe, com alguns nobres e servos, se deslocava, pela planície de seus domínios, rumo à caça em paragem distante. Era manhã escaldante embora houvesse o sol mal surgido. Divisou o príncipe, ao largo do caminho, em terreno meio pedregoso e suavemente elevado, a figura de um ancião, em passo ritmado e constante, plantando algo. O príncipe desviou-se de sua direção e aproximou-se do ancião que ao vê-lo executou profunda reverência. Um diálogo então se estabeleceu:
-Meu velho, o que estás plantando?
-Oliveiras, meu Príncipe.
-Não vês que estás em idade já avançada e, certamente, não colherás dessas oliveiras?
-Eu também colho de oliveiras que não plantei. Visto roupas que não produzi e herdei uma cultura de antepassados que nem sequer conheci. O mínimo que posso fazer é deixar alguma coisa boa para as gerações que virão depois de mim.
O Príncipe ficou entre maravilhado e contrafeito, ante aquela visão tão simplória e sábia de se relacionar com o mundo, daquele pobre velho que na sua solidão era tão rico e suficiente. Não sabia o príncipe se mandava castigar o velho com algumas chibatadas, se sentindo ofendido, ou se dava as costas e seguia o seu caminho, rumo ao seu objetivo que era caçar, aproveitando os anos livres de sua mocidade e a bajulação de seus acompanhantes. Decidiu-se pela última alternativa. Mas ainda ouviu a voz meio sumida do velho dizendo:
- Além do mais, meu Príncipe, o tempo é de Deus!
O dia fluiu, quase apagando a lembrança do velho. A caçada não foi das melhores, mas gerou algum entretenimento.
Antes do por do sol todo o grupo se pôs em regresso. Ao passar pelo mesmo sítio, lá estava o velho plantando oliveiras. O Príncipe parou e ficou olhando o movimento do ancião, em profundo cismar. Impedindo que o acompanhassem, tocou a sua montaria em direção ao velho que lhe pareceu mais velho. De imediato o ancião não lhe percebeu a presença. Quebrando o protocolo, o Príncipe perguntou:
-Então meu velho, ainda plantando oliveiras? Não vês que logo, logo cairá a noite e não vejo nas proximidades barraca que possa lhe acolher?
O velho levantou os olhos deixando transparente a sua profunda felicidade. Fez uma profunda reverência e respondeu:
-Sim, meu príncipe, Deus seja convosco! Como vês não sou mais nenhum moço. O tempo me foi concedido. Tenho que aproveitá-lo. O tempo é de Deus. Quanto ao mais, tudo tenho recebido da Natureza. Nesta região temos acolhedoras cavernas.
O Príncipe lembrou-se dos seus aposentos reais e imaginou, sem qualquer parâmetro, como seria passar uma noite em uma caverna. Um arrepio lhe percorreu o corpo.
O Príncipe pegou na bolsa de couro algumas moedas de ouro e jogou-as na direção do velho e gritou pega, tentando transparecer indiferença.
O velho obedeceu, enfiou a mão carcomida na terra e recuperou as moedas. Fez uma profunda reverência e com sorriso quase infantil falou:
-Meu Príncipe, minhas oliveiras frutificaram bem antes do tempo. O tempo é de Deus.

As duas histórias se harmonizam em conteúdo, pelo grau de doação individual e pela certeza da continuidade da vida. Nos tempos atuais o único culto visível é ao individualismo. O rompimento com as tradições, valores e crenças do passado é a moda. Todos querem ser de vanguarda, mesmo sem conhecimento de causa. As investidas contra a História também tem os seus protagonistas e apaniguados na Nossa Corporação. Crescem as investidas contra o Quartel General da PMERJ, o 13º BPM, o Aquartelamento do Regimento de Choque, o 23º BPM, o Colégio Militar e a ESPM. Adivinhem o que irá surgir no espaço nu, depois das implosões dos referidos! Ainda alguns dirão que a Polícia ganhará com tal evento. Que Polícia? Cada governador que imponha a sua loucura, sem nenhum obstáculo pelo caminho. Nesse estuário, se voltarmos no tempo, vamos nos lembrar o celerado Brizola que implodiu o Presídio da Ilha Grande que contava parte significativa da História do Brasil. Esse mesmo “cidadão” surrupiou todo o dinheiro da Caixa de Economia da Corporação, sob o olhar complacente de nossa elite.
Para estes que só olham a matéria e o bem pessoal próprio e que não conhecem os vocábulos entrega, auto-sacrifício, gratidão, reconhecimento e doação, essas duas histórias, com certeza, são lorotas para boi dormir. Eles vão morrer de rir. Com certeza, mais rir, do que morrer. Eles se julgam imortais e constituem sucessores. No entanto, o riso é sempre limitado, já a morte é certa. Tudo é passageiro!



7 comentários:

  1. Bom dia querido amigo,

    ao ler este novo texto em seu blog, a principio fico comovida pela gentileza de uma geração mais velha em querer trabalhar no lugar de uma mais nova e com mais saúde. É sem dúvida um lindo gesto, que envolve inteligência e sabedoria, em querer proteger as gerações futuras. O que será de um país se os jovens de hoje estiverem expostos às tais radiações. Só me faço uma pergunta dentro do meu coração que não sei a resposta: Como seria isto se fosse aqui em nosso querido país? Será que aqui essa geração tbm iria se manifestar para resguardar uma nova geração?

    Pois bem, o segundo texto do sábio já me deixa um pouco riste, pois bem, sei que essa minha nova geração, onde até mesmo eu estou inclusa, se acha muito desnecessário de preparar um mundo melhor para a nova geração. Quantos que, ao invés de utilizar de uma lata de lixo para jogar os seus restos, desfazem do mesmo na primeira oportunidade que teem, em qualquer ambiente ruas, calçadas...

    É lamentavel saber que estamos destruindo o nosso querido planeta. Onde estão os princípios dos nossos avós? Da geração passada? Só pensamos em nós mesmos e o futuro que se dane. O individualismo aumenta a cada dia mais. O egocentrismo nos persegue. Uma geração doente. Nos deram espelhos e vimos um mundo doente. O que fazer agora? Não sei, apenas a minha parte...

    ResponderExcluir
  2. Saudações,Cel.

    Já estava com saudade. Mais um ótimo texto para uma ótima reflexão. A propósito, o texto desenvolvido que -lhe falamos foi enviado para o seu e-mail.

    Um grande abraço,

    ALBUQUERQUE

    ResponderExcluir
  3. Boa noite, Albuquerque e Simone! Espero que estejam vivendo um Domingo maravilhoso. Simone, há muito tempo havia um programa chamado "Amaral Neto, o Repórter". Este programa é o precursor do Globo Repórter. Uma edição focalizou a rotina de uma aldeia indígena do interior do Brasil. Na referida reportagem, uma jovem mãe índia era focalizada em sua rotina. Destacou bem o repórter que a mãe índia esculpia no barro uma pequena bonequinha com muito esmero e entregava a criança que de imediato jogava ao chão. A jovem mãe, sem admoestar a criança, recolhia os pedaços e recompunha a bonequinha, com o mesmo esmero e tornava a entregar a criança que tornava a jogar ao chão. Essa operação foi repetida continuadamente.O repórter então perguntou porque ela refazia a bonequinha e tornava a entregar à criança, mesmo sabendo que a criança vazaria a bonequinha ao chão. A Mãe índia respondeu que já sabia que a criança recusaria a bonequinha trabalhada, mas que a única maneira de educá-la seria pela repetição do gesto, e não poderia entregá-lhe uma bonequinha feita às pressas, de qualquer jeito, se quisesse alcançar um resultado diferente. Que cedo ou tarde a criança observaria na beleza da pequena bonequinha e mudaria a atitude.
    Albuquerque, obrigado por sua consideração. Já localizei o seu texto. Acredito que foi trabalhado a duas mãos. O texto teve a participação de Daiane, não é mesmo? Vou postá-lo até meado do mês corrente. Muito obrigado!!!

    ResponderExcluir
  4. Sem dúvida , a sabedoria dos orientais é fantástica , porém em nosso país , infelizmente não sei se seria realmente dessa maneira .
    Porém penso que é importante ,muito importante mesmo , deixar-mos filhos melhores para o nosso planeta tão sofrido,invertendo a frase "Deixar um planeta melhor para os nossos filhos ", os filhos melhores mais conscientes ,com certeza farão um planeta melhor . Após tanto sofrimento , causado pelo individualismo que sabe as pessoas aprendem a olhar para o lado com olhar fraterno,como diz o velhinho do segundo texto o tempo é de Deus , tudo é uma questão de tempo para melhora do planeta ou melhor das pessoas .

    ResponderExcluir
  5. Obrigado, Andrea, pelo seu comentário! Tenha uma maravilhosa semana.

    ResponderExcluir
  6. Comprender determinadas atitudes, tão nobres e sinceras, nos levam a reflexão sobre nós mesmos e de como estamos voltados para nossa própria vontade e desejos, todavia para entendermos como uma sociedade desenvolve um sentimento de patriotismo e altruímos temos que mergulharmos na sua intima história e valores, que com certeza ao longo do tempo já cultivavam
    determinados desapegos e sentimentos voltados para à coletividade.

    Atitudes como destes senhores japonese, nos transmitem o entendimento de consciência e reflexão, pois são comportamentos que chamam nossa atenção, valores que muitas vezes não enxergamos mais nos seres humanos, anular a si mesmo, em função do amanhã? Porquê? Se sacrificar pelos seus entes queridos, pela sociedade que estar por renascer?

    Altruísmo...Amor ao proxímo... Consciência? Vale refletirmos!

    “Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações de um indivíduo beneficiam outro trazendo, algumas vezes, até mesmo algum tipo de prejuízo para o próprio. No sentido comum do termo, é muitas vezes percebida como sinônimo de solidariedade. A palavra altruísmo foi cunhada em 1830 pelo filósofo francês Augusto Comte para caracterizar o conjunto das disposições humanas (individuais e coletivas) que inclinam os seres humanos a dedicarem-se aos outros. Esse conceitos opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as inclinações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou coletivas).”

    Para entendermos o desapego, temos que termos a mente consciência de que a morte nada mais é que uma breve ilusão, e que o corpo é o uniforme de trabalho para nossa atual missão.

    O que é o corpo? Alguns dizem que é matéria. Outros que é vida. Alguns mais que é um estorvo da vida. Outros que é um prazer. Para alguns é sagrado. Para outros é profano. Alguns querem o controle sobre o corpo. Outros, deixam fluir. Até mesmo a sentença morre. O corpo tem seu fim. O corpo é uma dádiva que os homens criam e recriam. Desejam e simbolizam, divinizam e profanam, vivem e morrem. Dão valor ao corpo, a matéria, e muitas vezes esquecem-se da mente e da alma. Usam e abusam do corpo. Mas, os homens, não querem que ele siga o ciclo. Muitos, nem todos. O corpo nasce, nutri-se, desenvolve-se, declina, debilita-se. Deixar o ciclo continuar é a lei do corpo. Talvez ele seja a primeira forma de perceber que tudo tem seu fim. Não obstante, faz a alma renascer e a mente reciclar-se, para num novo corpo, vir a ser novamente. Cultivar o corpo é apenas obter prazer de corpo para corpo. O corpo finda-se porque obedece o ciclo. Mas vejamos que contradição, ele renasce também. Entretanto, tem que morrer.

    “Amai teu proxímo, como a ti mesmo”... Disse Jesus! Difícil o bastante para os momentos atuais, porém diretrizes para o nosso lento aperfeçoamento.

    Amar...Vamos refletir sobre isso?

    O amor é o único, entre tudo que existe, que perdura, em todos os lugares, tempos e pensamentos. O ciclo leva consigo tudo, menos o amor. É essa nobre energia que faz o ciclo movimentar, com paixão e ódio. Polaridade que existe e que cria, recria, faz, refaz, forma, transforma. A alma morre no espírito e nasce na matéria. O corpo nasce e morre na matéria. A mente nasce no espírito e morre na matéria. Perfeito equilíbrio, como tudo no universo: Corpo, Mente e Alma. Terminam os três em fim, eterno somente o amor. O poder do singular plural.

    Portanto são dos exemplos que uma sociedade progride, referencias para o que nasce, e para o que está em construção... O que seria de nós sem os nossos anciçãos e sua sabedoria e conhecimento... O que seria de nós sem nossos parâmetros do certo e do errado, do amor e da pasciência dos que acreditaram que somos bons, por conhecerem o que é bom ou o mal ao longo de sua vida.

    ResponderExcluir
  7. Boa noite, Daiane! Obrigado por suas reflexões. Para continuarmos no mesmo campo semântico, estou lhe enviando uma frase de um texto do "Livro de Orações do Yokoshi", para nossa reflexão:
    "Quanto mais se carrega, a espiga do arroz mais se curva..."
    Tenha uma boa noite, Daiane!

    ResponderExcluir